Em cada esquina uma amiga

Estamos em 2024 e continuamos a cortar as pernas a quem está a tentar fazer um esforço de transitar, em primeira instância, o seu padrão alimentar para uma alimentação predominantemente vegetal. Existirão vegans do bem? Há vegans “esteticamente superiores”? Menos.

Se uma pessoa trocou o leite das vacas por leite vegetal, o seu contributo é irrelevante porque não cortou o queijo e o iogurte? E tem um prazo? Para apresentar um calendário? A quem? E se a pessoa come o bolo da avó no Natal, as suas escolhas nos outros 364 dias não contam? E os contextos das pessoas não importam? Quem define? TU que te deslocas de transportes matando incontáveis insetos e, quiçá atropelando javalis enquanto podias ficar em casa? TU que tens dinheiro e um supermercado próximo onde podes comprar iogurtes da Sojasun? TU que tens disponibilidade e conhecimento para cozinhar?

Repara, tu, que defines como os outros devem viver a sua vida à tua lente, com os teus privilégios, não é justamente o que a sociedade carnista impõe aos animais? Uma forma de viver? Com quem se relacionam os animais, como vivem, o que comem, quando comem, que amigos têm? E no fim de contas isto é sobre ti, sobre o teu ego ou é sobre os animais? E não tens 100 000 000 de outras pessoas para embirrar? Empancas justamente em quem já está a caminhar?

Senhoras e senhores, bem vindas/os à medição de pilinhas, abordagem típica da sociedade, opressora, patriarcal, onde a tua experiência de vida se torna irrelevante e, se não cumpres os critérios, passas por um julgamento obsceno, que te faz sentir inútil. Sê livre e faz o que podes: rodeia-te de pessoas que valorizam o teu caminho e a tua pessoa. Encontra, em cada esquina, uma amiga para que possamos materializar, em cada rosto, igualdade.

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